Gigantes da Internet publicaram anúncios russos nas eleições norte-americanas
Facebook, Instagram, Twitter ou Google. Sim, nenhuma destas empresas gosta particularmente de Donald Trump. Mas aceitaram e ganharam milhões de dólares em anúncios que foram decisivos para a sua inesperada vitória em Novembro de 2016.
Eles queixam-se, mas na verdade as maiores redes sociais do Mundo contribuíram decisivamente para a eleição de Donald Trump, permitindo anúncios “políticos” de origem russa.
Conforme demonstra com sagacidade o documentário Os Segredos de Silicon Valley (exibido pela BBC dentro da série Panorama), os gigantes da Internet já sabem disto há muito tempo.
Mas, afinal, agora o Facebook admite que estima em cerca de dez milhões o número de utilizadores nos Estados Unidos da América que viram pelo menos um dos mais de três mil anúncios de caráter político pagos a partir de contas falsas na Rússia.
O assunto nunca chegou a sair da ordem do dia. Donald Trump triunfou nas eleições norte-americanas em Novembro de 2016, mas quase um ano depois a alegada ingerência russa continua a ser investigada pelo procurador especial (e ex-diretor do FBI) Robert Mueller.
Eleições norte-americanas influenciadas pelas redes sociais
Vamos aos factos. Recentemente, o Facebook confirmou que cerca de 10 milhões de utilizadores desta rede social nos EUA viram pelo menos um dos mais de três mil anúncios de caráter político pagos por contas falsas (num total de 470 contas, que investiram mais de cem mil dólares em anúncios pagos) operadas nos últimos dois anos a partir da Rússia.
É de salientar que cerca de 44% dos anúncios foram vistos antes das eleições presidenciais norte-americanas e os restantes após a vitória do candidato republicano Donald Trump.
Esta informação divulgada pelo vice-presidente do departamento de política e comunicações do Facebook, Elliot Schrage foi inclusivamente entregue pelo fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, a Robert Mueller.
Elliot Schrage explicou em comunicado que muitos destes anúncios tinham “mensagens sociais e políticas divisórias”, nomeadamente sobre imigração, uso de armas de fogo e temáticas LGBT.
Outra confirmação foi que 5% dos anúncios foram igualmente exibidos na outra rede social que pertence ao Facebook: o Instagram.
Por todos estes motivos, o Facebook tenciona alterar a forma como os anúncios são disponibilizados na rede social, sendo certo que terá de incluir uma “revisão e aprovação humana adicional” muitos dos anúncios. No entanto, acrescenta o Facebook, a maior parte dos anúncios agora investigados “não viola as suas políticas”.
Os investigadores, tanto da equipa do procurador especial Robert Mueller como do Congresso norte-americano, pretendem saber como é que os operadores russos usaram o Facebook, a Google, o Twitter e outras redes sociais para aumentar a desinformação durante a corrida eleitoral à Casa Branca. Se a tudo isto ainda juntarmos as fake news (notícias falsas disseminadas em blogs, fóruns e jornais) e uns quantos vírus, então é mais do que certo que o Donald Trump beneficou imenso do apoio de Putin!
Depois do Facebook, o Twitter anunciou o encerramento de mais de duzentas contas ligadas aos mesmos operadores russos que publicaram milhares de anúncios de caráter político no Facebook.
Até agora, a Google não confirma a recente notícia do Washington Post que garantiu a descoberta de publicidade (nomeadamente no YouTube e no Gmail) comprada por contas falsas sediadas na Rússia.
Perante esta acusação, a porta-voz da Google, Andrea Faville comentou apenas que “temos um conjunto de políticas rigorosas para os anúncios. Não são permitidos anúncios que conduzam a uma segmentação política ou à segmentação com base na religião ou na raça. Estamos a estudar mais aprofundadamente as tentativas de abusar dos nossos sistemas. Vamos trabalhar com a investigação”.