Em 2030, cérebro humano vai estar ligado à Internet
A Internet está de tal forma impregnada no nosso dia-a-dia que acaba por condicionar uma grande parte das nossas ações. Afinal, já não vivemos sem telemóvel e o que seria de nós sem o acesso ao e-mail ou às redes sociais?
Funcionando quase como uma extensão de próprio corpo , esta ferramenta começa a tornar-se tão natural como o pensamento. Da mesma forma que usamos os talheres quase sem pensar, também navegamos no computador ou tocamos no ecrã do telemóvel sem grandes dificuldades: por outras palavras, já não pensamos como funciona, apenas utilizamos.
Mas como seria se nem sequer necessitássemos de nos mover para aceder à Internet? E se bastasse um pensamento para enviar uma mensagem via chat ou selecionar um filme ou música?
A realidade não está assim tão distante: de acordo com um especialista da Google, no final da década de 2030, os cérebros humanos já estarão ligados à Internet. O diretor tecnológico, Ray Kurzweil, considera que, dentro de apenas alguns anos, a tecnologia começará a fundir-se com o próprio homem, concretizando os sonhos mais ousados dos realizadores de ficção-científica.
A previsão foi feita na edição de 2015 da Exponential Finance, onde o especialista deu uma conferência. Ray Kurzweil é conhecido pela sua capacidade de antever mudanças no mundo da tecnologia. Em 1990 previu 147 alterações que seriam responsáveis por grandes transformações na sociedade. Até à data, 87% dessas mudanças já aconteceram.
As potencialidades de um cérebro ligado à Internet
Através de um sistema de processamento híbrido, será possível transformar os cérebros humanos numa espécie de disco rígido. Uma vez ligados à Internet, seríamos capazes de realizar todas as tarefas a que hoje estamos habituados e que seguramente estarão bastante mais desenvolvidas nas próximas décadas. Falámos, por exemplo, de funcionalidades como os backups ou armazenamento de memórias na cloud.
Segundo Kurzweil a introdução destas tecnologias metade humanas, metade robot será lenta e progressiva. “Vamos nos misturar gradualmente para nos tornarmos melhores. Na minha visão, essa é a natureza do ser humano, nós transcendemos nossas limitações”, afirmou o especialista.
À luz dos tempos de hoje, a ligação do cérebro humano à Internet seria um passo natural depois da implementação da Internet das Coisas. O processo lembra a banda-desenhada de super-heróis, onde há muito se contam histórias com nanobots, pequenos robots de tamanho microscópico que são capazes de alterar o funcionamento do corpo humano.
E muito embora esta mudança possa parecer irrealista, a verdade é que já existem investigações que caminham neste sentido. Em 2013, surgiu na Universidade de Washington um mecanismo que, pela primeira vez, permitiu a uma pessoa comunicar com outra via pensamento.
O sinal foi enviado através da Internet para alguém que estava do outro lado do campus universitário. No final, o recetor movimentou o braço graças ao pensamento do remetente. “Foi emocionante e espetacular como uma ação imaginária do meu cérebro se traduziu numa ação real através do cérebro de outra pessoa”, contou um dos intervenientes.
A experiência levanta várias perguntas, fazendo-nos questionar sobre as potencialidades destas inovações. Afinal, será que estamos assim tão longe de desenvolver capacidades telepáticas? Será que podemos partilhar conhecimentos e experiências ao ponto de nos colocarmos (quase) literalmente na pele de alguém?
A problemática já inspirou grandes cineastas e foi várias vezes vista no ecrã. Em Sense8, uma das séries mais recentes da Netflix, um grupo de 8 pessoas dispersas pelo mundo está biologicamente ligado por um mesmo sistema nervoso (que poderíamos equiparar à Internet). A ligação permite-lhes interagir telepaticamente, partilhar sentimentos e até capacidades.
Para termos um exemplo, nesta série de ficção-cientifica, alguém sem carta de condução poderia aprender a conduzir se outra pessoa do grupo o soubesse fazer. Assinada pelos irmãos Andy e Lana Wachowski, os criadores de Matrix, esta série parece longe da realidade, mas talvez possa ser elucidativa das capacidades que todos teremos no futuro.
Os perigos da Inteligência Artificial
Voltando à ficção-cientifica e aos filmes inspirados em banda-desenhada, em Avengers: Age of Ultron, um robot – Ultron – ganha vida e torna-se numa máquina assassina, com tendências ditatoriais e a aspiração de dominar o mundo. Mais uma vez, a história pode parecer exagerada, mas serve como forma de introduzir a problemática da inteligência artificial.
Na mesma conferência em que previu a ligação dos cérebros humanos à Internet, Kurzweil alertou para os perigos da inteligência artificial e da sobreposição da máquina ao Homem. Para explicar, usou a seguinte metáfora: “o fogo mantém-nos aquecidos e permite-nos cozinhar, mas também pode provocar incêndios. Toda a tecnologia tem o seu potencial e o seu risco”.
A questão da inteligência artificial tem despoletado polémicas. Quando o assunto surge, dividem-se opiniões: alguns consideram que o desenvolvimento da área pode ser vantajosa e libertar os humanos para tarefas que lhes agradem; outros acham que há a possibilidade de desumanizar o Homem.
De acordo com Kurzweil, em 2045 as máquinas serão mais inteligentes do que o Homem. A teoria pode até estar certa, mas caso não acontecesse também não seria a primeira vez que o especialista se enganava. Anteriormente, tinha previsto que, em 2009, já existiram carros voadores. Em 2013, também afirmou que dentro dos próprios 20 anos os humanos poderão viver para sempre. Isto graças às inovações no campo da tecnologia e da ciência.
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