Tim Berners-Lee: o passado e o futuro da Internet
Tim Berners-Lee não inventou a Internet, mas revolucionou-a. O físico inglês abriu as portas para o mundo online como hoje o conhecemos e transformou um monte de códigos em páginas ligadas entre si através de hiperligações. Estávamos, então, em março de 1989 e surgia a primeira proposta para a criação daquela que vira a ser a World Wide Web (WWW).
O sistema foi implementado em 1990, com a ajuda de Robert Cailliau, um estudante da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN). Algum tempo depois, no dia 7 de agosto de 1991, estava online o primeiro website, onde se explicava como criar um navegador e instalar um servidor web.
Mas como será como que tudo começou? Aluno brilhante, Tim Berners-Lee, também conhecido por TimBL ou TML, estudou no The Queen’s College, em Oxford. Foi em 1980 que começou a trabalhar como físico no CERN e já nessa altura o desenvolvimento da World Wide Web estava nos seus planos.
Considerado como o pai da Internet como hoje a conhecemos, Tim Berners-Lee criou as bases para um fenómeno massivo com potencial ilimitado. A Web 1.0 deu origem à Web 2.0 onde os sites ganharam uma componente multimédia forte.
Hoje, na era do 3.0, o processo de comunicação foi decomposto. Fenómenos como redes sociais ou blogs fazem com que qualquer um possa criar os seus próprios conteúdos e divulgá-los facilmente. Basta ter acessso a um computador.
Tim Berners-Lee afirma que Internet devia ser um direito
Numa intervenção recente, Tim Berners-Lee defendeu que a Internet devia ser reconhecida como um direito humano. Embora o crescimento seja inequestionável, a verdade é que ainda existem 4,4 biliões de pessoas sem acesso à Internet. Trata-se, no fundo, de uma questão de liberdade, destaca.
“Está na hora de reconhecer a Internet como um direito humano básico. Isto significa garantir acesso a um custo acessível, permitindo que os pacotes de internet sejam fornecidos sem discriminação comercial ou política“, afirmou.
O pai da World Wide Web disse ainda que existem vários condicionalismos, sejam eles a falta de um dispositivo de acesso, ou então questões políticas. De acordo com um estudo do Web Index, em cerca de 84% dos país existe pouca monitorização da Internet. Ainda assim, 40% desses mesmos países colocam restrições moderadas ou extremas, censurando o acesso a conteúdos que possam ser considerados sensíveis.
Homem vs. Máquina
“As empresas vão ser cada vez mais geridas por computadores. Os computadores estão a ficar mais inteligentes, mas nós não.” A frase é utilizada por Tim Berner-Lee para alertar para a necessidade de aceitar uma nova realidade, onde o trabalho que era normalmente feito por pessoas será substituídos por máquinas.
De acordo com o fundador da WWW, alguns postos de trabalho vão simplesmente desaparecer. O físico refere-se principalmente a todas as profissões onde as tarefas são mecânicas e onde não é necessário um esforço criativo.
Ordenado cavaleiro em 2004, Sir Tim defende a necessidade de encarar o futuro de frente e olhar para a evolução informática como uma possibilidade de libertação. Em vez de trabalharem numa área de que não gostam, as pessoas terão a liberdade para expressar a sua criatividade individual e para se dedicarem a assuntos que as deixam realizadas.
Para exemplificar, Tim Berners-Lee dá o exemplo da agricultura. Com a introdução de máquinas que façam todo o trabalho por nós, nunca mais teremos de plantar. Ainda assim, existem pequenas propriedades onde as pessoas gostam de cultivar à mão. Nesses casos, podemos “começar a pensar na agricultura mais como uma arte performativa em que se conhece a pessoa que a faz”.
O futuro e a integração de dados
A questão dos dados que são armazenados online é sensível. Empresas e governos de todo o mundo mantêm registos de cada um de nós, informações essas que lhes permite mais facilmente chegar às pessoas ou saber o que necessitam.
Para resolver o problema da privacidade, Tim Berners-Lee propõe que, no futuro, as pessoas tenham acesso ou possam ver aquilo que o Estado ou as empresas sabem sobre elas. O físico salienta, no entanto, que os dados não podem ser encarados como um produto, para que nem empresas, nem pessoas individuais comecem a cobrar por eles.
Relativizando, TML afirma que os dados são apenas dados. “As pessoas ficaram um tanto ao quanto obcecadas pela possibilidade de monetizar os seus dados pessoais e criar algum modo de obter dinheiro em troca”, destaca. O especialista diz ainda que as empresas estão a “utilizá-los a granel para levar a cabo uma estratégia da marca. Na realidade, o valor dos meus dados pessoais é maior para mim do que para os outros”.
A maior vantagem está na integração e na possibilidade de facilitar a vida de cada um. Num mundo onde tudo estaria conectado, sempre que tivesse de declarar os seus gastos, em vez de dizer onde tinha gastado o dinheiro, o sistema é que lhe dizia a si o dia, a hora e a quantia dispendida num determinado produto.
As aplicações não seriam só burocráticas. Imagine, por exemplo, uma aplicação médica que lhe diz quando está a ficar preguiçoso, deixando a mensagem que não lhe faria mal apostar num jogging matinal para melhorar os níveis de colesterol no sangue. Sempre que estes estivessem demasiado elevados,os dados seriam registados diretamente na base de informações do seu médico.
Na altura do Natal ou no aniversário, as empresas poderiam saber, pelo seu histórico de compras, qual seriam as suas preferências. Em simultâneo, as campanhas de marketing seriam mais segmentadas e poderiam ir exatamente ao encontro das suas necessidades.
Embora as melhorias pudessem ser significativas, existem alguns senãos que necessitariam de ser discutidos, nomeadamente as questões de privacidade e facilidade com que os dados estariam acessíveis. Tudo isto no contexto atual em que se assiste ao aparecimento de casos de hacking, roubo de identidade online e casos de ciberterrorismo.
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