Brasileiros já usam mais o smartphone do que computador para ler notícias
Desde o início do blog Estratégia Digital que temos publicado conteúdos que advocam a emergência de uma realidade digital que é cada vez mais móvel. Nunca nos teria passado pela cabeça, na altura em que os telemóveis se começaram a difundir no mercado na década de 90, que chegaria o dia em que leríamos mais notícias através de um ecrã, deixando de lado as folhas de papel de um jornal. Não estamos sequer a falar de ver notícias – porque isso já fazemos há muito através da televisão – estamos mesmo a falar de ler.
No entanto, com a progressão tecnológica e a revolução nas tecnologias de informação e comunicação, assistiu-se a um fenómeno interessante que promete apenas tornar-se mais curioso nos anos que estão para vir: a forma como consumimos notícias é cada vez mais imediata e já nem nos chega um computador com ligação à Internet.
Tudo o que precisamos hoje é de um telemóvel. Esta não é novidade nenhuma para todas as pessoas que, como eu, se renderam a smartphones e estão habituados a acompanhar notícias, a navegar nas redes sociais e a envolverem-se em debates na web usando apenas o telemóvel. Posso estar na paragem de autocarro, na sala de espera para o dentista ou na longa fila de compras do supermercado que me bastará ir ao telemóvel para ver as notícias do dia.
E a realidade, por muito estranha que possa parecer ainda para alguns, já se torna “normal” no Brasil à medida que os números de invertem a favor do mobile.
Brasileiros já usam mais o smartphone do que computador para ler notícias
Os smartphones ultrapassaram os computadores como o principal dispositivo usado para aceder a notícias no Brasil pela primeira vez em 2017, de acordo com um relatório sobre notícias digitais do Reuters Institute for the Study of Journalism da Universidade de Oxford, na Inglaterra.
Este estudo internacional, feito com mais de 70 mil pessoas em 36 mercados, indicou que o uso de dispositivos móveis para ler notícias nas regiões urbanas no Brasil chegou a 65%, superando a participação de computadores, que aparecem com 62%.
A realidade vai ainda além do território brasileiro. Segundo o levantamento de todos os dados, o crescimento do uso de redes sociais para notícias está a diminuir em alguns países devido à crescente popularidade de aplicativos que não filtram o seu conteúdo por meio de algoritmos, como o WhatsApp.
No Brasil, o aplicativo de mensagens começa a rivalizar com o Facebook, com 46% dos entrevistados a dizer que utilizam o WhatsApp para ler e partilhar notícias, um aumento de 7 pontos percentuais desde o levantamento anterior. Para o Facebook, o número é de 57%, 12 pontos percentuais a menos do que na pesquisa anterior.
No que se refere à confiança nos meios de comunicação, o Brasil é o segundo país do ranking, com 60% dos entrevistados dizendo que confiam nos órgãos de comunicação em geral. A Finlândia figura em primeiro lugar com 62%, enquanto nos Estados Unidos a confiança nos meios de comunicação se situa em 38%.
Por último, o mesmo estudo de mercado indicou ainda que a percentual de pessoas que acreditam que os media são livres de influência política no Brasil caiu de 36 para 30% na comparação anual.